quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Oficinas Circuito Babel


ba.bi.lô.nia por Zé Motta

POESIA: QUANDO OS TRABALHADORES PERDEREM A PACIÊNCIA
Por: Mauro Iasi é Professor da UFRJ e membro do Comitê Central do PCB (Partido Comunista Brasileiro)

As pessoas comerão três vezes ao dia 
E passearão de mãos dadas ao entardecer 
A vida será livre e não a concorrência 
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Certas pessoas perderão seus cargos e empregos 
O trabalho deixará de ser um meio de vida 
As pessoas poderão fazer coisas de maior pertinência 
Quando os trabalhadores perderem a paciência
O mundo não terá fronteiras 
Nem estados, nem militares para proteger estados 
Nem estados para proteger militares prepotências 
Quando os trabalhadores perderem a paciência
A pele será carícia e o corpo delícia 
E os namorados farão amor não mercantil 
Enquanto é a fome que vai virar indecência 
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Quando os trabalhadores perderem a paciência 
Não terá governo nem direito sem justiça 
Nem juizes, nem doutores em sapiência 
Nem padres, nem excelências
Uma fruta será fruta, sem valor e sem troca 
Sem que o humano se oculte na aparência 
A necessidade e o desejo serão o termo de equivalência 
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Quando os trabalhadores perderem a paciência 
Depois de dez anos sem uso, por pura obscelescência 
A filósofa-faxineira passando pelo palácio dirá: 
"declaro vaga a presidência"!

O real será só real e expandido! "será"?!
E se ele já for?! 
Passado x Futuro
Matéria x Energia
Espaço x Tempo
Faz sentido...
(?)
Não, esse limite a vida não abriga!
Não é Natural.
Sonho. 
Trabalho.
Cotidiano.
A arte tampouco é natural, representativa, pois ela abr(e)iga fissuras do aqui agora, 
onde encontro o infinito de possibilidades.
O controle das finanças não seria possível sem o controle do espírito. 
Tampouco o controle da ECOnomia(produção da vida).
A luta-disputa-resistência realmente se dá em diferentes frentes? Existe uma hierarquia de prioridade? 
Existe NECESSIDADE de quê? 
Percebo...
A essência do materialismo é o real e seu movimento.
O que me move? A utopia, o futuro...
ou as possibilidades do presente?

Quando os trabalhadores percebem a fábula
A cosmonauta-faxineira passa pelo palácio babilônico e diz:
"Onde está a CHAVE DE LUZ?"

...

Zé.

ba.bi.lô.nia por Anahmanda

Olá, quero parabenizar a todos pelo espetáculo uno (artistas, roteirista, equipe da iluminação, sonoplastia, e cia). Bem, separei algumas palavrinhas pra vocês:

O que os meus olhos captaram, da ba.bi.lô.nia [compactada], foram direto para alma. Fiquei com os ouvidos cheios de gritos e poesia, que ainda ecoam por essa semana que se segue. As cenas vão e vem como flashes no meu deitar e levantar.

O primeiro ato me incomodou muito, talvez porque eu estivesse armada com o olhar crítico de quem estuda o corpo e a postura. Os atos que se seguiram foram se completando e formando um compacto babilônico, algo muito lírico e enlouquecedor. A cena do tapa e a fala "NÃO SURTA, É SÓ TRABALHO...", foi como se eu estivesse olhando no espelho. A poética do gelo e sal me fascinaram, elementos que simplesmente não se fundem (o sal em contato com o gelo faz com que ele derreta). O magnetismo do nu lírico e a insânia da cena das bailarinas foram apaixonantes.Tudo foi tecido e ligado por fios invisíveis entre o real e o cênico.

Poderia ficar toques e mais toques descrevendo a narrativa e sensações que tive sobre a peça, mas finalizo com o trecho da música Babylon, do compositor Zeca Baleiro, que diz muito sobre o que é a ba.bi.lô.nia [compactada]:
" Vida é um souvenir
Made in Hong Kong
Vamos pra Babylon!
Vamos pra Babylon!... "

Parabéns e sucesso ao Grupo Populacho!
bjs


Anahmanda (Andréa Cardoso)
 
<iframe width="480" height="360" src="//www.youtube.com/embed/X5otGN03TPU" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>
 

ba.bi.lô.nia por Cleire Fernandes

Eu quero parabenizar o Grupo Populacho e toda a equipe envolvida no espetáculo que tive a oportunidade de assistir no último domingo. Um trabalho rico, digno de respeito e admiração. Juh Araujo, Pamela Regina e Rodrigo Pignatari , ao longo desses anos eu acompanhei alguns trabalhos de vocês e fiquei maravilhada com o crescimento artístico que tiveram.

Cleire Fernandes

ba.bi.lô.nia por Okuma

A sala está escura. De repente ouve-se a voz de Roberto Carlos cantando: "Quando você, me ouvir cantar..." reconheço a música, é "Como dois e dois", a luz acende, e todo o elenco do Babilônia agradece ao público, é o fim da última apresentação do espetáculo no Nelson Rodrigues, não sei se é porque a música me pegou de surpresa, que vi nos olhos de cada um o cansaço e alívio se fundindo com um estranho sentimento paradoxal de dever cumprido e não cumprido, pelo menos foi assim que eu os percebi, talvez por estar com uma angústia entalada no peito, enquanto Robertão entoa em sua canção "Deixo sangrar Algumas lágrimas bastam Prá consolar......", no 'mundo confuso e confusamente percebido' em que nos encontramos, o Populacho com seu poético tapa na cara, fecha de vez o ciclo do/no Nelson Rodrigues, em "edificar uma nova cidade uma nova torre, preparar ou anunciar um mundo futuro", agora só nos resta pensar em universos possíveis, pois se "Tudo vai mal, Tudo, tudo, tudo, tudo, Tudo mudou, Não me iludo e contudo, A mesma porta sem trinco, Mesmo teto, mesmo teto, E a mesma lua a furar, Nosso zinco"
É de arrepiar como o Ba.bi.lô.nia se funde com minha realidade, devaneios e delírios, como se a faxineira fosse um alter ego de nossos sonhos e angústias da Cultura, da Arte, do Nelson, de nós. A Ba.bi.lo.nia é mais do que um espetáculo de teatro, ela é a mais visceral síntese antropológica de nossos dias, e principalmente, vista do lado de cá. Tudo em volta está deserto, Tudo certo, Tudo certo como Dois e dois são cinco"

Andre Okuma

<iframe width="480" height="360" src="//www.youtube.com/embed/5VkcRR9eiOw" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>

ba.bi.lô.nia por Thiago Santos

Olá! Tenho pensado todos os dias e em muitos momentos sobre a Babilônia... Em todos os conflitos, confusões, contradições, agitações, explorações da vida cotidiana logo penso: “É a Babilônia”. A atuação de vocês me deixou deslumbrado, nos momentos de risos e no lagrimejar dos olhos, no respirar fundo de angustia e no suspirar de alivio ao compreender o que se passavam naquelas cenas. Um grande esculacho na sociedade capitalista cheia de valores e normas que nos acorrentam no dia-a-dia da vida. Todos vocês arrebentaram! E que roteiro maravilhoso! Nunca assisti nada parecido na minha vida! A peça itinerante foi cheia de calor, frio, cheiros, luzes, sons, sensações, emoções... Em muitos momentos pensei que estava vendo uma peça do Augusto Boal, não sei se viajei... Espero que o cartaz do espetáculo volte a aparecer nas paredes e redes para que possamos convidar a tod@s! Não vejo a hora de assistir de novo!

Thiago Santos

ba.bi.lô.nia por Jaime Holanda

Espetáculo profundo e denso... até agora, ainda estou tentando decifrar todos os seus signos... parabéns... é uma emaranhando de idéias, sentimentos e sensações... é possível fazer diversas leituras da mesma peça... gostei muito...

Jaime Holanda

ba.bi.lô.nia por Ivana Kloster

Pensando aqui no que dizer sobre o espetáculo de ontem " Babilônia Compactada"do Grupo Populacho. Detesto fazer aquelas reflexões racionais de quem precisa encontrar maneiras de teorizar olhares. Ao mesmo tempo é difícil juntar letras para dar sentido ao que pulsa.
Coisas assim se comunicam no olhar, o olhar informa a alma.
E a minha alma saiu dali em êxtase!
EVOÉ!

Ivana Kloster

ba.bi.lô.nia por Rodrigo Motta

A Babilônia do Populacho possui em seu núcleo ampla força expressiva, gestual e textual, que agrega a vontade humana dos envolvidos em falar sobre nosso presente. Através de uma linguagem atual, as cenas transparecem e ampliam a realidade do espectador, nos caminhos transitórios, nas luzes piscantes, nas roupas, na pele, na voz. Tudo isso leva o publico a estar presente junto com A Faxineira, por onde ela vive, em suas cogitações e em seu sofrimento com a verdade/realidade.
De um escritório frio agonizante a um chá sambista com odalisca na comunidade, os atores se adaptam a diversos personagens e elevam variadas sensações, questionando sempre a postura passiva da sociedade, que vive na babilônia cômoda adaptada compactada rotineira da subvida.
Frustrações, gemidos, portas batendo, medo, cansaço. Um vislumbre social, visceral, que não percebemos na superfície fácil de aceitar do ser humano. A personagem principal sofre como uma intelectual prestes a se suicidar. A personagem principal é uma faxineira.
Um soco na barriga para aqueles que querem se ver através de seu entretenimento de sábado. O entretenimento da peça termina quando ela começa. Você esta ali para sentir e pensar.

Rodrigo Motta